Hoje comemora-se o Dia Internacional da Terceira Idade. Ainda que as novas gerações têm mudado o conceito de envelhecer é necessário que essa etapa natural na vida de todo ser humano seja encarada com serenidade e, acima de tudo, sabedoria.
Publico o texto abaixo, de autoria do ítalo-americano Leo Buscaglia, um dos maiores escritores acerca do amor nos últimos tempos, em homenagem aos idosos. E que este texto e vídeo abaixo sirva de alerta aos mais jovens que ainda não se conscientizaram de que um dia eles também envelhecerão.
Tadeu Oliveira
A HISTÓRIA DE UMA FOLHA
Leo
Buscaglia
Era
uma vez uma folha, que crescera muito. Surgira na primavera, como um pequeno broto
num galho grande, perto do topo de uma árvore alta. A folha estava cercada por centenas
de outras folhas, iguais a ela. Ou pelo menos parecia. Mas não demorou muito
pra que descobrisse que não havia duas folhas iguais, apesar de estarem na mesma
árvore.
Todas
haviam crescido juntas. Aprenderam a dançar à brisa da primavera, a se esquentar
ao sol de verão, a se lavar na chuva fresca… Os passarinhos vinham pousar nos
galhos e cantar, havia sol, lua, estrelas, tudo…. As pessoas iam ao parque,
sentar à sombra da árvore, no verão. E esse é o propósito da árvore – uma razão
para existir!
Tornar
as coisas mais agradáveis para os outros é uma razão de existir. Proporcionar sombra
aos velhinhos, oferecer um lugar fresco para as crianças brincarem. Abanar as folhas
como brisa…
E
assim o verão foi passando. A folha admirava tudo, olhava tudo… E chegou o
frio. A folha ficou assustada, nunca sentira frio, e todas as outras folhas estremeceram
com o frio, ficaram todas cobertas por uma camada fina de branco, que num
instante derreteu e deixou-as encharcadas de orvalho, faiscando ao sol. Foi a
primeira geada… O inverno viria em breve.
Quase
que imediatamente, toda a árvore se transformou num esplendor de cores. Quase
não restava nenhuma folha verde. Amarelo, laranja intenso, vermelho ardente, dourada.
Um arco íris de folhas!
E
porque ficaram diferentes?
Por
que tiveram experiências diferentes, receberam o sol de maneira diferente, projetaram
sombras de maneira diferente. Era o outono chegando…
E
a mesma brisa que, no passado as fazia dançar, começou a empurrar e puxar suas hastes,
quase como se estivesse zangada. Isso fez com que algumas folhas fossem arrancadas
de seus galhos e levadas pela brisa, reviradas pelo ar, antes de caírem suavemente
ao solo. E é isso que acontece no outono, algumas pessoas chamam de morrer…
E
a cada folha que caía, a árvore ia ficando despida. Como se cada folha fosse morrendo…
E elas voltam na outra primavera? Mistério… Talvez não, mas a vida volta. E
qual a razão para tudo isso? A razão das folhas é dar sombra, brisa… e quando
caem, elas dão força para as árvores, como se entrassem em suas raízes. As
folhas “voltam” dando vida novamente.
A
folha caiu… não sabia que se juntaria com a água e serviria para tornar a
árvore mais forte.
E,
principalmente, não sabia que ali, na árvore e no solo, já havia planos para
novas folhas na primavera.