LIRISMO CONTEMPORÂNEO
Por Carlos Herculano Lopes
Omar Abraão/Divulgação Mariana Botelho mostra maturidade e capacidade de diálogo |
Bem além do artesanato, da boa música, do folclore e de tantas histórias para se contar – coisas típicas do Vale do Jequitinhonha – a cidade de Padre Paraíso, a 550 quilômetros de Belo Horizonte, tem também uma ótima escritora, a jovem Mariana Botelho. Com 27 anos, há algum tempo ela lançou O silêncio tange o sino, coletânea de poemas que, independentemente da estreia, a coloca entre os melhores autores de sua geração. Como não vive em BH nem no Rio ou São Paulo, por enquanto pouca gente a conhece.
No entanto, isso não impediu de a moça de ser descoberta pelos editores das páginas de literatura da Revista Ciência e Cultura, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na qual publicou seus primeiros poemas, que acabaram despertando o interesse da Ateliê Editorial. Antes havia feito circular alguns textos seus no seu site, Suave Coisa (www.quelevequenada.blogspot.com ) com o qual, desde as lonjuras sem fim de Padre Paraíso, fica conectada com o mundo. “Foi principalmente graças à internet que pude conhecer outros autores, descobrir novos caminhos, outras vozes, com as quais tenho me comunicado”, conta Mariana.
Vivendo na sua cidade, fora curtos períodos em que morou
Como todo autor que se preze, Mariana também tem seu método de trabalho. Mas com uma particularidade bem rara: ela quase não reescreve seus poemas. No seu caso, eles vêm de um jorro só. “Aprendi a deixá-los amadurecer dentro de mim. Acho melhor do que na gaveta. Às vezes, fico namorando um poema dias a fio, recitando em pensamento no meio da rua. Velando por ele como se fosse um filho, até ver que está pronto. Aí então o escrevo. Só que não sou de produzir muito”, conta.
Sobre como é viver
Para Carlos Vogt, da Revista Ciência e Cultura, que prefaciou O silêncio tange o sino, “nas imensidões das Minas Gerais do Jequitinhonha, o silêncio que a poesia de Mariana Botelho ecoa é tenso de suave sensualidade e tenso ao tanger no sino dos poemas o som que ouvimos e que ele não produz”.
O silêncio tange o sino
De Mariana Botelho
Ateliê Editorial, 75 páginas, R$ 34. Informações: atelie@atelie.com.br
Fonte: Caderno Pensar, Jornal Estado de Minas, sábado, 01/01/2011
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