Fernando Brant
A cada dia precisa-se acordar mais cedo
para ir em direção ao trabalho. Mora-se mais longe, o transporte público é uma
lástima e quem disse que se trabalha oito horas por dia? E o tempo que se gasta
da casa para o trabalho e do trabalho para casa não conta? Se não influi no
salário, prejudica muito a vida das famílias dos brasileiros.
Os passageiros circulam pelas ruas da
cidade como se estivessem em latas de sardinha. Se essas pessoas pudessem
abandonar seus empregos, o que não fazem pela necessidade de sobreviver, a
cidade, o estado e o país parariam. E quero ver de onde viria o dinheiro para
sustentar as mordomias e inutilidades encenadas pelos legisladores e
administradores públicos.
Recente pesquisa do Superior
Tribunal Federal (STF) indicou que cerca de 90% do que é aprovado pelas câmaras
municipais, estaduais e federais é anulado por ser inconstitucional. Isso
deveria ser uma preocupação básica de qualquer servidor público: ler e aprender
o que diz a nossa Constituição. Ela é a bíblia, a referência maior da
cidadania. Nela estão inscritos os direitos e garantias do cidadão, que não
podem ser negados nem violados. E também as obrigações nossas e dos que
alcançam os cargos políticos.
Mas canso de ler as propostas
absurdas que são apresentadas às comissões e aos plenários. Perda de dinheiro
que é nosso e não pode ser rasgado pela incompetência e má-fé dos que se elegem
pelo voto popular. Cada projeto desses deveria ser punido com desconto nos
salários de quem gasta o que não é seu com tamanho destemor e
irresponsabilidade.
O mais lamentável é que não se
enxerga uma saída para essa situação. Os governos, em sua maioria, são
medíocres, não conseguem vislumbrar um palmo além de seus narizes insensíveis.
Qual é o projeto de Brasil que está sendo debatido neste momento, ou que foi
discutido em tempos recentes ou remotos? Não há pensamento, reflexão, lucidez.
Vivemos de remendos, de tapar os buracos surgidos depois da tempestade.
E haja cachoeiras de escândalo e
roubo descarado de dinheiro público para desanimar de vez o brasileiro
trabalhador. Vestem máscara de honradez os vampiros da nacionalidade.
Há muito boas perspectivas para o país e
para os brasileios. Mas será que dessa vez vamos mesmo romper as fronteiras que
nos separam do verdadeiro desenvolvimento com justiça social, saúde, educação e
cultura? Não basta desejar, torcer, fazer fé. Precisamos de ação lúcida e
consequente, que raramente encontramos em nossos governantes. Não suportamos
mais esperar o paraíso e permanecer no risco de nos transformar em um grande
Maranhão.
P.S.: Para ter certeza de que a
presidente deve vetar ou não o Código Florestal, precisaria conhecê-lo bem.
Todos os que estão se manifestando, a favor ou contra, leram o catatau?
Fonte: Caderno EM Cultura - Jornal Estado
de Minas, 16/05/2012