Essa
é a dona Josefa, conhecida por muitos como Dona Zefa. Ela nasceu numa região
entre os rios Bicudo e São Francisco, o dito Gerais, região que foi pano de fundo de muitos livros do escritor
mineiro Guimarães Rosa, inclusive o mais famoso deles: Grande Sertão: Veredas.
O ano de seu nascimento: 1919. O ano do seu desenlace espiritual: 1986.
Dona
Zefa foi dona de casa, benzedeira, costureira, cozinheira, doceira,
quitandeira, artesã, desenhista, bordadeira e mãe de 13 filhos. Eu sou o
derradeiro deles.
Dela herdei a alma sertaneja, o amor pela
simplicidade, pela música, pela culinária, pelos “causos”, pelas
crendices e tantas outras peculiaridades mineiras.
Talvez
a maior lição aprendida com ela tenha sido, quando ainda menino me levando nas
visitas dominicais em asilos e abrigos de Corinto, o exercício da caridade, o
olhar alteridade para com as pessoas de necessidades especiais e os miseráveis.
Nessas visitas, geralmente junto com a sua prima/irmã Guiomar, ela levava o
alento aos necessitados. Aliás, dona Zefa visitava enfermos, ajudava a cuidar
deles e era uma pessoa de um desprendimento fora do comum.
Uma
característica que jamais esquecerei era a sua capacidade crítica, às vezes um
tanto ácida. Dona Zefa tinha muita facilidade em forjar caricaturas de variadas
situações.
Todos
os dias da minha vida eu me lembro do gosto e do cheiro do seu tempero, do seu
olhar inquiridor e às vezes reprovador, como me lembro também da sua
solidariedade nos momentos difíceis e, principalmente, do seu silêncio repleto
de cumplicidade nas dores da vida.
Uma
frase que ela me disse uma vez e que jamais esquecerei: “Na vida não há mal que
sempre dure nem bem que se perdure. Tudo no mundo é frágil, tudo passa”.
Onde
ela estiver, desejo de todo coração um Feliz Dia das Mães!!!
Saudade
enorme do seu amor!!!